As empresas são de fato sistemas vivos: a partir de “programações” definidas por um conjunto de políticas e processos, orientadas para o atingimento de determinados propósitos em diferentes níveis, temos indivíduos e times de trabalho empregando suas energias e manifestando suas competências, apoiados em ferramentas físicas ou virtuais e em metodologias diversas – clássicas ou modernas.
Os muitos arranjos possíveis dessas variáveis distintas, somadas às características únicas das pessoas – combinadas em diferentes escalas ou mesmo individualmente – torna a tarefa de diagnóstico da “saúde” de uma empresa algo extremamente desafiador, e de difícil mensuração. Mas não impossível. Percebam que não me refiro à saúde financeira de uma empresa – essa é de fácil mensuração, uma tarefa básica do respectivo gestor.
O problema da saúde de uma empresa é que ela nem sempre apresenta correlação direta com as performances “clássicas” perseguidas periodicamente. Pelo contrário, é muito comum encontrarmos empresas com boas performances em seus indicadores estratégicos, ainda que carreguem graves disfunções em sua “saúde”. Ora, então qual é o problema, se as performances estão sendo atingidas?
Os problemas são: a que “custo”, e “até quando”? Essas performances estão apoiadas em competências e empenhos equilibrados, frutos de visão compartilhada, comunicação fluida e acompanhamento assertivo de compromissos? Elas advêm da criatividade aplicada de forma organizada, e representam a efetiva geração de valor sustentável para os clientes? Ou, por outro lado, são resultado do esforço desproporcional de poucos, alimentados por uma pressão destrutiva, assédio moral, lideranças não sincronizadas e independentes perseguindo metas em seus projetos ou em “seus feudos”, custe o que custar? Pois bem.. nos seres humanos, quando nossas microscópicas células se organizam de forma independente e desordenada, em desequilíbrio com o restante do sistema, temos um problema bastante conhecido e temido, muitas vezes silencioso – não percebido através das “performances” apresentadas – e fatal.
É evidente então a importância de se investir no mapeamento da saúde de uma empresa, através de indicadores específicos, sensíveis a aspectos qualitativos, e muitas vezes derivados de observações e percepções humanas. Eles podem nos informar sobre a qualidade “das formas” de como os fluxos ocorrem e de como o trabalho é efetivamente desempenhado em todas as dimensões do negócio, e sinalizar sobre riscos e oportunidades para se garantir o melhor sincronismo e equilíbrio geral.
Autor:
Comments